Escola e vida não podem ser separadas – resenha do livro de Anísio Teixeira e a cultura: Subsídios para o conhecimento da atuação de Anísio Teixeira no campo da cultura (Editora da UnB).
De Inês Ulhôa, jornalista
 Escola
 e vida não podem ser separadas. A Coletânea de textos traz a excelência
 da obra de Anísio Teixeira, um dos mais importantes filósofos da 
educação brasileira, cuja contribuição para a educação transcendeu seu 
campo de atividade e alcançou diversas áreas do conhecimento.
Anísio
 Teixeira nasceu em Caetité, pequena cidade do interior da Bahia, em 
1900. Foi a partir das orientações paternas – “um espírito republicano, a
 quem não faltava uma nota de rebeldia voltairiana”, nas palavras do 
educador – que conquistou o mundo pela excelência de sua obra e sua 
paixão pela educação. Primeiro, formou-se em direito, e, apenas com 23 
anos de idade, foi indicado para dirigir a educação no Estado da Bahia. 
Algum tempo depois, foi nomeado diretor de Instrução Pública no Rio de 
Janeiro, onde criou uma rede municipal de ensino que ia da escola 
primária à universidade. Ver a educação não como privilégio de alguns, 
tema de um de seus livros, foi o que o levou a, junto com outros 
pensadores, redigir e a divulgar em 1932 o Manifesto dos Pioneiros da 
Educação Nova, em defesa do ensino público, gratuito, laico e 
obrigatório. Principal idealizador da transformação da educação 
brasileira e defensor dos preceitos da Escola Nova, inspirada em ideias 
político-filosóficas de igualdade entre os homens e do direito de todos à
 educação, Anísio Teixeira sempre teve como meta colocar a escola 
pública como ponto de maior destaque na agenda política brasileira. Os 
adeptos dessa Escola, que tinha como seguidores nomes importantes da 
intelectualidade brasileira, como Darcy Ribeiro e Florestan Fernandes, 
entendiam que o único meio eficaz de combate às desigualdades sociais se
 encontrava num sistema estatal de ensino livre e aberto, cujo propósito
 era formar homens livres.
Anísio
 Teixeira foi o mentor da criação da Universidade do Distrito Federal, 
no Rio de Janeiro (posteriormente desmembrada por Getúlio Vargas) e da 
Universidade de Brasília.
Um dos principais méritos do livro Anísio
 Teixeira e a cultura: Subsídios para o conhecimento da atuação de 
Anísio Teixeira no campo da cultura (Editora UnB, 1014), de João Augusto
 de Lima Rocha, é considerar que na ação transformadora em que se 
empenhou o educador – concentrada na educação pública – a preocupação 
com cultura sempre esteve presente. Segundo Lima Rocha, a presença de 
aspectos culturais inovadores sempre envolveu a concepção moderna de 
escola pública universal, escola nova ou progressiva, ou seja, escola 
para uma civilização em permanente mudança progressiva, defendida por 
Anísio Teixeira. Pergunta o autor: “Isto não teria o mesmo significado 
de uma política cultural orientada para a escola, por via indireta, 
dirigida a toda a sociedade?”. É assim que Lima Rocha procura destacar 
nesta obra a excepcionalidade do filósofo-educador para a observação dos
 aspectos culturais nas dimensões educacionais, em sentido amplo, por 
exemplo, com a implantação de bibliotecas na escola primária, e ainda na
 inauguração de escolas em que os alunos tinham aulas em um dos turnos 
e, no outro, desenvolviam atividades culturais, esportivas, de trabalho e
 de formação da cidadania. O autor, de Anísio Teixeira e a cultura 
destaca que o educador, adepto da concepção segundo a qual a cultura 
está vinculada a tudo que a espécie humana produz em sociedade, entendia
 que “a Educação se imiscui fortemente na cultura, justificando, com 
isso, a compreensão de que o Estado, particularmente o que se pretende 
democrático, deve garantir a todo indivíduo, sem distinção, a 
oportunidade de educar-se. Tudo isso dentro de um processo ativo, em que
 Educação significa mais do que transmitir conhecimento estático, morto,
 mas uma experiência em que professores e alunos se reúnem para 
promove-la, como se fosse a própria vida”. O percurso que o autor se 
propôs para trazer ao leitor as ideias e reflexões desse educador, que 
durante toda a sua vida defendeu a necessidade de uma teoria educacional
 indissociável de um saber prático, fizeram-no articular o livro em duas
 partes. 
Na
 primeira – Facetas do universo anisiano –, estão compilados textos em 
que se apresentam aspectos relevantes da atuação de Anísio em cada um 
dos campos selecionados, inclusive a influência de John Dewey em sua 
trajetória. Traz ainda o texto de um folheto de cordel sobre a sua vida e
 obra. Na segunda parte – A contemporaneidade do pensamento de Anísio 
Teixeira – são apresentados, na íntegra, artigos de autoria de Anísio, 
que, segundo o autor, são textos reflexivos voltados para o objetivo de 
captar o interesse e a adesão dos leitores para a sua luta contínua pela
 aplicação das ideias transformadoras que buscou colocar em prática. 
Consta ainda um texto inédito de Anísio encontrado pelo autor e 
correspondências trocadas com Darcy Ribeiro, Maurício Rocha e Silva, 
Monteiro Lobato e Dom Augusto Cardeal da Silva. Ao leitor cabe descobrir
 os caminhos de instigantes reflexões e desdobrar-se no exame de 
preciosas contribuições que Anísio Teixeira nos legou.
O livro está disponível nas livrarias da UnB: no Centro de Vivência Campus Universitário Darcy Ribeiro Telefone: (61) 3107-1245 e na SCLN 406 – Bloco A – lojas 42-46 ou pelo site : www.editora.unb.br
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