Paulo Freire
      ameaçado de expurgo 
Somos uma
      organização não-governamental com 27 anos de existência, criada para
      continuar e reinventar o legado freiriano. Paulo Freire acompanhou de
      perto a sua constituição, participando da discussão do seu estatuto, da
      definição de seus princípios, de suas linhas de atuação e contribuindo
      com suas valiosas e esclarecedoras reflexões sobre os projetos em
      desenvolvimento. Abrigamos a biblioteca do educador brasileiro e grande
      parte de seu acervo, reconhecido pela Unesco como patrimônio documental da
      humanidade. 
Mais de 5 mil
      pessoas já passaram pelo Centro de Referência Paulo Freire. Um quinto
      dessas pessoas são estrangeiros representantes de mais de 40 países,
      dentre eles: Inglaterra, Itália, Índia, Japão, China, Canadá e tantos
      outros. Este educador reconhecido internacionalmente por suas
      contribuições às ideias pedagógicas está, neste momento, ameaçado de ser
      expurgado da educação brasileira. Vivemos tempos de perplexidades
      sucessivas. Esta é mais uma delas. 
Não é a
      primeira vez que suas ideias são ameaçadas. O autor de Pedagogia do
      oprimido, obra que, em 2018, completa 50 anos, foi preso e exilado no
      período da ditadura. Sua resposta ao cerceamento foi um convite ao
      diálogo e à coragem de lutar; frente à violência, ao silenciamento, a
      luta pelo direito à liberdade de expressão, ao pensamento crítico. 
Paulo Freire
      sempre se opôs à doutrinação, à manipulação. Defendia o diálogo de
      saberes: o saber científico, o saber sensível, o saber técnico,
      tecnológico, o saber popular, sem discriminação, respeitando e valorizando
      a diversidade e os direitos humanos. Como um ser humano conectivo,
      esperançoso, jamais deixou de acreditar na capacidade da humanidade de
      criar “um mundo em que seja menos difícil amar”, como escreveu, no
      exílio, em 1968, no final de seu livro mais conhecido: Pedagogia do
      oprimido. 
Alguns
      gostariam de retirar Paulo Freire das prateleiras das escolas, mesmo que
      sejam poucas as que ainda têm livros dele; outros ameaçam expurgar os
      livros didáticos, onde, porventura, se faz alguma menção a ele. Não vimos
      ninguém, até agora, propondo a queima de seus livros em praça pública. E esperamos
      que não chegue esse momento. Para isso, estamos vigilantes! Sabemos que
      suas ideias não agradam a todos. E isso é próprio da democracia, como
      espaço amplo, fecundo e generoso do debate de ideias, em que cada pessoa
      possa, com autonomia, dizer a sua palavra e construir a sua própria
      história. 
Contestar
      Paulo Freire é, na verdade, contestar a própria democracia que ele
      defendia ao lado de outros grandes educadores do século XX, como John
      Dewey, Martin Buber, Jean Piaget e Maria Montessori, ao lado de
      brasileiros e brasileiras como Anísio Teixeira, Fernando de Azevedo,
      Cecília Meirelles e Rubem Alves, entre outros. Para todos e todas que
      desejam conhecer e viver uma pedagogia de inspiração humanista, sua obra
      é imprescindível e deveria estar em todas as escolas. 
A liberdade é
      um princípio de toda educação e o ofício de ensinar, uma conquista da
      humanidade. Sem democracia não há aprendizagem. Intimidar professores é
      negar ao povo o direito à educação. A pedagogia dialógica defendida por
      Paulo Freire é considerada como uma referência de qualidade científica e
      reconhecida por intelectuais e universidades de todo o mundo. 
As teorias de
      Paulo Freire cruzaram as fronteiras das disciplinas, das ciências,
      criando raízes nos mais variados solos, fortalecendo teorias e práticas
      educacionais, bem como auxiliando reflexões não só de educadores e
      educadoras, mas, também, de médicos, terapeutas, cientistas sociais,
      economistas, filósofos, antropólogos, psicólogos, artistas, juristas e
      profissionais de diversas outras áreas. Se elas tocaram corações e mentes
      e ressoaram em tantos lugares, pelos quatro cantos do mundo, é porque
      elas atendem a uma necessidade não só de construção de conhecimentos
      baseados em evidências e dados, mas também porque, despertam nas pessoas
      que entram em contato com elas, a capacidade de serem melhores, menos arrogantes,
      mais respeitosas, para viverem plenamente suas existências num mundo mais
      justo, produtivo e sustentável. 
Por isso, o
      Instituto Paulo Freire manifesta-se, neste momento, em defesa do legado
      freiriano como parte da luta pela democracia e pela liberdade de ensinar
      e aprender, e convida todos e todas que se solidarizam com essa causa a
      se somar, a criar um grande movimento, a partir de seus próprios espaços,
      cada um com sua criatividade e suas condições, construindo uma teia
      solidária de resistência e luta por uma educação emancipadora,
      transformadora e democrática. Vamos juntos em defesa de Paulo Freire!
      “Amar é um ato de coragem”, como nos ensinou Paulo Freire. Mais amor e
      menos violência. 
Escreva seu texto,
      faça sua charge, sua ilustração, sua música, seu poema, sua aula pública,
      seu documentário, seu vídeo, organize suas atividades, compartilhe
      conosco notícias do que vem sendo feito, pelo e-mail: comunicacao@paulofreire.org e acompanhe o
      blog Resistência e Luta pela
      Democracia. Vamos tecer esperança! 
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